Em meu livro O Jesus
que Eu Nunca Conheci contei uma história verídica que muito tempo depois
continuou me perseguindo. Eu a ouvi de um amigo que trabalha com pessoas
marginalizadas em Chicago:
Uma
prostituta veio falar comigo em terríveis dificuldades, sem lar, doente,
incapaz de comprar comida para si e para a filha de dois anos de idade. Entre
soluços e lágrimas, contou-me que estivera alugando sua filha — de dois anos de
idade! — a homens interessados em sexo pervertido. Ela ganhava mais alugando sua
filha por uma hora do que poderia ganhar ela mesma em uma noite. Tinha de
fazê-lo, dizia, para sustentar o vício das drogas. Eu mal agüentava ouvir a sua
sórdida história. Havia outra coisa, eu me sentia legalmente responsável —
tenho de denunciar casos de abuso contra crianças. Mas naquele momento eu não
tinha idéia do que dizer àquela mulher.
Finalmente,
perguntei a ela se nunca havia pensado em ir a uma igreja para pedir ajuda.
Nunca me esquecerei do olhar assustado que perpassou seu rosto.
"Igreja!", ela exclamou. "Por que eu iria a uma igreja? Eu já me
sinto terrível o suficiente. Eles vão fazer que eu me sinta ainda pior."
O que me feriu na
história de meu amigo é que mulheres muito parecidas com essa prostituta
procuraram Jesus, não fugiram dele. Por pior que uma pessoa se sentisse a
respeito de si mesma, ela sempre procurava Jesus como um refúgio. Será que a
igreja perdeu esse dom? Evidentemente, os desvalidos que recorriam a Jesus
quando ele vivia na terra já não se sentem bem-vindos entre os seus discípulos.
O que aconteceu?
(...)
O escritor Stephen
Brown observa que um veterinário fica sabendo uma porção de coisas a respeito
do dono de um cão — que ele não conhece — apenas olhando o animal. O que o
mundo fica sabendo a respeito de Deus ao nos observar como os seguidores de
Deus na terra? Busque as raízes da palavra graça no grego e você vai descobrir
um verbo que significa "eu me regozijo, estou feliz". Em minha
experiência, o regozijo e a alegria não são as primeiras imagens que vêm à
mente das pessoas quando pensam na igreja. Elas pensam em santarrões. Pensam na
igreja como um lugar para ir depois que tiverem endireitado as coisas, não
antes. Pensam em moralidade, não em graça. "Igreja!", disse a
prostituta, "por que eu iria lá? Eu já me sinto terrível. Eles vão me
fazer sentir-me ainda pior".
(...)
Um conselheiro, David
Seamands, resumiu sua carreira desta maneira:
Há
muitos anos, cheguei à conclusão de que as duas causas principais da maioria
dos problemas emocionais entre os cristãos evangélicos são estas: o fracasso em
entender, receber e viver a graça e o perdão incondicionais de Deus; e o
fracasso de distribuir esse amor, perdão e graça incondicionais aos outros... Nós
lemos, ouvimos, cremos em uma boa teologia da graça. Mas não é assim que
vivemos. As boas novas do evangelho da graça não penetraram no nível de nossas
emoções.
Trecho extraído do livro “Maravilhosa
Graça” de Philip D. Yancey.
Muito bom!!!
ResponderExcluirKárita Racielly Oliveira